terça-feira, agosto 23, 2011

Nada se inscreve quando tudo se deve inscrever

Estamos perante tempos em que a desgraça é muito fácil e produtiva, principalmente para quem até a poucos meses a negava e ganhava negando-a. Hoje são os mesmos que ocupam os espaços televisivos. Não há sanção ou penalização possível de aplicar neste País. “Nada se inscreve” na moral e acção deste povo. Passamos adiante sem tirar as devidas análises e responsabilidades pelo estado a que chegámos – porque a ninguém interessa. A uns que ganharam com esse caminho, a outros que não o viram mas não querem reconhecer a sua incompetência, outros porque ainda esperam que algo continue a “pingar”, outros (e muitos) por medo que “deixe de pingar”.
Onde andam os intelectuais? Envergonhados, certamente, os mais conscientes.
Onde andam os poetas? A escrever textos publicitários, provavelmente, ou a publicar livros ocos de consciência cívica e patriótica.
Onde andam os jornalistas? Nunca se fabricaram neste País.
Onde andam os dramaturgos? A escrever telenovelas.
Onde andam os Juízes? Com medo que lhes aconteça algo equivalente ao que está a acontecer a Baltasar Garzón. Entretêm-se com o recibo do ordenado e a qualidade do lápis, do texto e do papel, para não olharem pela qualidade da democracia.
Onde anda a consciência deste País? Sempre distraída e sempre a permitir a repetição das desgraças deste Povo.
Onde anda a consciência deste Povo? Nos corredores do shopping-center, nas negras telenovelas do Futebol, nos ecrãs das telenovelas e reality-shows, e mais uma vez na angústia de esticar a “jorna” até ao final do mês, porque assim permitiu, porque mais uma vez escolheu deixar-se enganar pelos vendedores das árvores das patacas, dos ouros do Brasil… e mais uma vez acabou, e muito pouco deixará para as futuras gerações.
O que fazer? Cada um a sua parte, gastando menos do que tem, trabalhando mais do que deve, preocupando-se mais com o outro e com a comunidade, exigindo mais e reclamando menos.