terça-feira, janeiro 31, 2012

A Reforma Curricular

Contributo para a Revisão Curricular – Jan 2012
A oportunidade de revisão da estrutura curricular, é urgente dada a crise civilizacional em que vivemos e o tempo que é necessário para que qualquer modelo dê os seus frutos (Na China existe a noção clara de que para formar completamente são precisos 100 anos) e ao mesmo tempo critica para reverter o declínio da qualidade da formação académica e preparação para o desenvolvimento da sociedade (A China produz todos os anos cerca de 25000 Engenheiros que competem com, e, facilmente suplantam os produtos dos sistema educativo ocidental, em qualidade e disciplina de estudo e trabalho). Este é o principal dilema e objectivo de reacção com que nos enfrentamos como País, que não tem recursos naturais dos quais possa viver – só temos a massa cinzenta e o Mar).
O sistema educativo mundial está também em competição acelerada para o empreendedorismo dada a escassez de recursos naturais e financeiros que suporte o crescimento da população mundial – e não se pode negar a qualquer ser humano a aspiração à melhoria da qualidade de vida.
Para não adiantar muito no enquadramento, resume-se que Portugal e o seu sistema educativo está e deve ter presente na cabeça de todos os seus agentes e decisores, esta forte pressão competitiva.
Esta pressão competitiva não deve contudo levar-nos a desvirtuar a matriz civilizacional do Ocidente e neste postulado é muito importante a manutenção, defesa e exigência dos conteúdos e métodos pedagógicos na área de humanidades e o verdadeiro respeito pela NOSSA cultura ao longo de todos os níveis de ensino. Até porque serão os aspectos civilizacionais e não os económicos que na altura certa, servirão de agente de equilíbrio entre os restantes poderes.
Neste macro enquadramento, como olhar para a oportunidade da revisão curricular?
Lamentavelmente estamos mais uma vez a dedicar-nos a uma ferramenta, a um pormenor, sem primeiro definirmos os objectivos a atingir – para então depois o fasearmos, de seguida vermos com que ferramentas cumprimos cada fase, quem são os responsáveis pela execução das suas fases e actividades, em que horizonte temporal e depois quais os mecanismos de controlo e ajustamento da sua evolução face ao objectivo e a evolução do exterior que não controlamos.
Como ferramenta, esta até nem é a ferramenta educativa mais prioritária a que deveríamos dedicar atenção – a mais importante são os programas que devem ser desenhados do fim (Licenciatura/Doutoramento/Curso Técnico) para o inicio (1º Ciclo ou mesmo pré-primário), a par da revisão da estrutura de manuais e autonomia escolar para a elaboração de compêndios adicionais, de apoio e reforço aos programas nacionais – não numa lógica de negócio local mas apoio social às famílias, ajustamento dos programas nacionais à realidade social de cada escola, ao sucesso académico que se pretende o maior e mais abrangente possível e a saudável e necessária competição inter-escolas.
A pretexto da revisão dos programas e manuais, anexo texto de quem mais sabe do que este Pai interessado – um professor: 
Vamos então á revisão curricular.
Começo por uma nota positiva sobre a proposta efectuada pelo Ministério da Educação, a supressão de disciplinas/carga horária na área das novas tecnologias sem grande valor acrescentado para o referido sucesso académico porque:
- maioritariamente eram desfasadas da realidade social – (necessidades individuais de alguns ou vários alunos / regiões do País, em ferramentas e skill’s informáticos deverão ser alvo de apoio adicional a elaborar pelas escolas, decidindo caso a caso, se em regime extra currículo ou integrado num plano de turma e apoio interdisciplinar) e;
- estes objectivos deviam ser parte integrante dos programas e métodos pedagógicos das disciplinas nucleares.
Outra disciplina que no objectivo era louvável – educação par a cidadania, na prática, a mesma é muitas vezes usada para tentar resolver os problemas de indisciplina da turma, que um inexistente e verdadeiro código disciplinar escolar devia resolver (um código único que abranja, alunos, Pais, Professores, gestores e auxiliares e técnicos de apoio). Outras vezes é usada como tempo lectivo remunerado usado para reforço de matéria não dada em alguma disciplina nuclear ou que necessite de reforço.
A sua supressão é pois justificável, se os objectivos que nortearam a sua criação, forem enquadrados na revisão dos programas (a fazer) e se os problemas que na prática ela estava a tentar resolver, forem resolvidos pelas ferramentas, processos e responsabilidades que deviam estar a resolve-los.
Quanto à distribuição de tempos da proposta de revisão curricular, é difícil ser responsável na elaboração de uma proposta consequente sem a necessária reanálise dos programas.
Contudo há algo que se pode apontar como falha neste programa e que se resume a um dito antigo – “corpus sanus in mente sanus”. Cuidar do corpo e da mente, para além da aquisição de conhecimentos. E em todos os sistemas educativos eficientes no seu funcionamento e eficazes no que respeita ao sucesso de um povo, levam bastante a sério a componente de formação física e formação crítica e argumentativa.
A componente de formação física está directamente associada a criação de condições de saúde e atitudes mentais face ao esforço e disciplina que são necessárias para se atingir também os objectivos académicos. É uma disciplina em que mais do que os movimentos e modalidades que se executem, se deve dar primazia a criação de atitudes individuais e cívicas, social e academicamente desejadas.
Outra metade, é a criação de métodos e práticas de pensar antes de falar, analisar para depois criticar, estruturar ideias para depois argumentar.
Ora o que se vê é uma falta de apoio à componente de educação física (e não é forçoso que sejam necessários investimentos em infra-estruturas, se se privilegiar a aquisição de atitudes e não a execução de modalidades) e a continua desistência da filosofia.
E mais uma vez, a pretexto da filosofia no ensino oficial, anexo dois textos de quem mais sabe do que este Pai interessado – os professores:
Defendo a inclusão da Filosofia na estrutura curricular, desde o 2º ciclo e o desenho de protocolos de actividades a desenvolver na 2ª metade do 1º Ciclo.